Improvisos quaisquer provêm de árduo estudo por parte do improvisador. No jazz, por exemplo, músicos treinam bastantes escalas antes de, "no susto", criarem (maravilhosas) melodias. O mesmo ocorre na comédia: quando improvisada no formato tradicional, a piada se eleva ao grau de inquestionável arte.
Uma risadinha mexe com sabe lá quantos músculos do nosso rosto. A meu ver, deixa até mais bonita e leve a pessoa sorridente. Conclusão, primeiro, acerca de situações em que dói a barriga: as gargalhadas conseguiram recuperar o dia perdido. Conclusão, agora, sobre os momentos em que o sono não poderia ter aparecido: o sorrisão, de repente, desperta até as vidas passadas. Trata-se da magia do bom humor.
Já sofri críticas, na minha carreira profissional, por ser pedagogicamente lúdico. A beleza de um aprendizado sorridente, todavia, supera tais comentários maledicentes e insustentáveis. Sem a possibilidade de contra-argumentação racional por parte desses chatos, as minhas broncas se focariam, quem sabe, na literatura: há inúmeros casos de bons escritores dedicados ao humor. Por que, então, mudar a didática (solucionadora) para um sistema carrancudo?
Não vejo graça em perder o cômico do acaso nos momentos oportunos – e abro uma crônica qualquer de Luis Fernando Verissimo para embasar-me. Afinal, uma piadinha inteligente sempre vai bem. E chato é, sim, o cidadão que não admira humor agressivo, ácido. Aborrece-me cada uma das interpretações negativas a brincadeiras com alguém público. Como se humorista precisasse de licença prévia, de autorização dos pais.
Jazz e humor são, realmente, muito parecidos na qualidade inquestionável que detêm. Naquele, escalas perfeitas abstraem e iluminam; neste, assuntos de uma época se tornam, permitam o oxímoro, gozação séria. Por conseguinte, a população deveria atentar mais para ambos. Mas sentar em praças para uma zorra soa mais legendário... Teria sido o intelecto de muita gente jogado pela janela?
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