O Dia em que o professor, o técnico e o elefante morreram
Por estes dias meu melhor amigo me deixou. Simplesmente, sem mais, me mostrou uma tela azul intraduzível e “travou”.
Atire o primeiro pen-drive o professor que nunca se viu em apuros quando seu fiel companheiro, vulgo Notebook, o deixou na mão. Entre impropérios e improvisos ouviu o técnico falar uma variante da língua javanesa conhecida como linguagem técnica e sem entender patavinas só conseguia calcular quantas aulas custaria para ter seu amigo de volta ao seu lado “espetado” no multimídia.
Pois bem, meu Acer do Paraguai me deixou nesta semana. A dor da perda e os tramites da sua ressurreição foram tão marcantes que até pesadelos me causaram e é um destes sonhos que agora vou lhes contar. I have a dream...
O cenário de meu sonho começa no balcão de uma suspeita loja de informática. Aparecem eu, a vítima, e meu notebook. Um técnico que deve ter no máximo 14 anos de idade e uns 200 Kg me fala de umas tais dêeleeles corrompidas. Pensei com meus tocos de giz :“a corrupção graça largamente neste país”.
De repente, um elefante que voava por ali despencou de súbito atingindo a mim e ao técnico.
No sonho eu demorei a crer que fosse a minha morte. Enquanto isso o técnico me prometia que na manha seguinte tudo estaria resolvido, mas que talvez precisasse “me” formatar. O elefante também estava lá e olhava impávido para as nuvens com aquela cara de elefante, sabe?
Eis que entra em cena um velho barbudo. Cena clássica pensei, que sonho mais piegas!
O técnico sussurrou que pesquisaria no Google para ver de quem se tratava. O elefante nos informou que era São Pedro.
- Antes que entreis na morada do senhor, dizeis por que viestes?
Bradou o porteiro do céu com aquela voz megafônica.
O paquiderme se adiantou:
- Esmaguei esse aí. Disse apontado para mim.
- Ele percebeu? Perguntou São Pedro.
- Sim. Respondeu o elefante.
- Então, reze 12 pai-nossos.
-... mas eu também esmaguei esse outro aí. Disse apontando para o técnico.
São Pedro olhou na direção do técnico que naquele exato momento se abaixava por trás do altar para procurar o cabo da rede deixando à mostra a cueca verde e o cofrinho, que aliás seria melhor descrito como a casa da moeda. Do alto de sua sapiência Pedro logo percebeu que se tratava de um técnico de informática e por isso absolveu o elefante.
- Cancela os padre nosso. Tu já te redimiste criatura.
E o elefante entrou no céu dos bichos.
- E tu ? O olhar em chamas de Pedro me encontrou.
- Bem, eu sou professor...
- Basta! Interrompeu São Pedro. Tua pena será reduzida apesar das muitas notas baixas que deste, dos arquivos que apagaste, dos vírus em pen-drives que espalhastes pelas escolas, mas teu purgatório será na terra. Lá lecionarás em uma oitava série em plena primavera, tuas aulas serão sempre as últimas e às sextas-feiras.
Nem posso imaginar o que seria o inferno! Pergunte a quem já viveu dias sôfregos entre adolescentes púberes tentando inutilmente lhes falar sobre a Era Vargas! O susto foi tanto que acordei encharcado de suor.
Quanto ao técnico, não tenho certeza, mas acho que fez um contrato de manutenção no céu e São Pedro deve ainda estar a espera da placa mãe do seu PC que deve chegar até sexta-feira.
3 comentário(s):
Prof Pizzolatto apartir de hoje nos honrará com seus posts!
Crônicas, contos e charges! Confiram e comentem que logo vem promoção!
Abraço a todos.
Wooow.. muito legau Professor.. me identifiquei bastante com seu post.. tbem gosto de viajar pelos meus momentos de inconsciência noturna e transcrevê-los depois... parabéns!
Eu sabia que o Pizolatto era fod*, mas não sabia que era tão fod* assim. oisudhfoaidshf
Vlw teacher, seja bem vindo ao blog :D
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